Algo modesto que mostrasse uma unidade qualquer do meu existir supérfluo.
Talvez com isso, ainda, não posso sentir-me um ser existente.
Quem sabe eu deveria me descrever ?
Sou o pronunciar do meu próprio nome coadunado a ideia que lhe traz ocultamente.
Não é fácil viver a beira do existir. Seria Eu, algo errado por natureza?
Não, Não tenho natureza; Não tenho derivados e nunca fui criado.
Assim como não tenho forma, volume, peso ou qualquer evidencia que me prove.
Sei o que está pensando...Mas em mim não cabe pensamentos.
Não tenho a possibilidade de caber algo, porém totalmente desprovido de matéria, Logo não me julgue ser o vazio !
É como a visita de um cometa, não há tempo para detalhes.
Eu estou em todas as formas de existência, desejando lhe roubar o seu existir, Mas isso é cansativo pois a consciência de existir permanece apenas no presente e este passa rápido demais e junto vai levando a realidade atual que assim vai se modificando e eu fico aqui, no mesmo canto, sem conseguir entrar nesse bonde que nunca para.
Parado, imóvel, sem reação é assim que sou e deve ser assim que se descreve o que não existe.
Eu não existo. Nunca existir e nunca existirei. Simplesmente porque não há nada pra fazer em um lugar que também não existe. O futuro que vira presente e se transforma em um passado que logo naturalmente torna-se pó não é digno de existir de fato. E tudo Ilusão. Ou é tudo uma imensa guerra de todos para o real existir. Um processo que nunca termina. A o menos eu não estou envolvido, não faço parte nem disso nem daquilo. Não faço parte nem das coisas inexistentes pois estou sempre a beira da realidade. Como posso me definir se a cada instante eu sou vazio de tudo, eu sou um pensamento e sou o nada vagando , sou o vácuo preenchendo tudo, insignificante e imenso pequenino.
Estou em lugar nenhum ao mesmo tempo que estou em todos os lugares. E o tempo? O tempo para mim simplesmente não me deforma, não me limita, não me toca. Também, como poderia?
Agora sinto-me melhor em saber que tenho minhas vantagens. Estamos em um mapa cartesiano onde um lado é apenas oposto do outro. Estamos em um espelho onde tudo é apenas reflexo. Não há diferenças absurdas entre nós. Apenas de lados diferentes da vida. Você existe e eu não!
Só isso.